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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Primeira parte da Entrevista para o site Loudwire - Born Villain


Quarenta minutos com o Marilyn Manson. Essa foi a quantidade de tempo que falamos com o ícone do rock durante uma recente entrevista pelo telefone. Como sempre, Manson forneceu um discernimento único e profundo em tópicos como o seu novo álbum, Born Villain, seu papel noTiros em ColumbineWest Memphis Three e, mais intrigante, ele mesmo.
Hoje apresentamos a você a Parte Um da introspectiva fascinante, onde Manson discute o começo do que ele se refere como seu disco de "volta". Manson descreve a mudança interna pelo qual foi forçado a passar, seu isolamento proposital para ganhar um sentido de renascimento e os vários conceitos que residem dentro do Born Villain.
A Parte Um da nossa entrevista consiste de uma observação sobre o álbum, na qual o Manson nos dá uma resposta incrivelmente profunda:

Hoje eu estava escutando o Born Villain e senti como se fosse um quadro, um retrato bem visual para o ouvinte. Para mim, é bem ansioso e claustrofóbico às vezes. Meio que te imaginei em uma pequena sala agarrando as paredes - tentando escapar.

Eu gosto disso. Ninguém havia dito isso antes, então é uma perspectiva bem única. Eu amo tocar, e enquanto eu estava fazendo (o Born Villain), toquei para as pessoas que eu conheço - pessoas que talvez não fossem velhas o suficiente para terem ouvido meu primeiro disco, e pessoas que nem gostam da minha música, ou pessoas que considero como melhores amigos ou que são outros artistas - gosto de ouvir a opinião de todos. Ainda não tinha ouvido essa, então é bacana.
Restrição cria o desejo de ter a necessidade ou determinação ou confiança para lidar com sua situação. É como um filme zumbi, é como estar em uma prisão, estar preso com uma escolha - sobreviver. É isso que esse disco é. Foi me dada uma escolha. Quando eu comecei a fazer esse disco, eu decidi que não gostava de quem eu era. Não queria ser que eu costumava ser. Eu queria ser o que eu sabia que poderia ser - e esse é um processo de evolução. Mas toda a chave pra isso é que se você fica estagnado, se você se torna algo que não se transforma mais - não há nada que seja inspirador. Mesmo que seja a natureza e você veja um pavão, ou o que quer que seja, você escolhe o que você vai ser na vida e você precisa estar confiante nisso, ter coragem e não renunciar.
Senti que cheguei a um ponto em meus dois discos anteriores - não que eu esteja tirando o crédito ou odiando a música que eu fiz ou nada desse tipo - eu só senti que eu comecei a mudar o jeito que eu escrevia porque eu queria abrir. Eu estava em um lugar onde eu não poderia descobrir como lidar comigo. Eu, a pessoa - não eu como Marilyn Manson. Às vezes você não sabe como ser você mesmo, porque você está muito confuso pelas circunstâncias em que se encontra. Todo mundo passa por isso.
Percebi que comecei a escrever músicas para fazer as pessoas sentirem como eu me sentia, ao invés de fazer elas sentirem algo. Não é esse o jeito que eu deveria fazer as coisas. Especialmente porque eu me senti um merda fazendo aqueles discos (risos). Então, basicamente, eu estava fazendo música para as pessoas se sentirem mais merda ainda, no qual, num sentido com o meu sarcasmo, seria engraçado, mas não foi a minha intenção. Se eu estivesse fazendo aquilo de propósito... Há partes desse disco onde eu quero que as pessoas se sintam uma merda - onde eu uso sons que apenas cães podem ouvir, que os humanos não conseguem e que faz você sentir náusea - porque eu estava procurando interferir na reação das pessoas, mas muito mais orquestrado de um ponto de vista de um diretor - como se alguém quisesse contar uma história, que quisesse contar às pessoas algo que elas tivessem uma reação.
Tive que largar tudo - me mudar para um lugar com o chão preto e paredes brancas - colocando tudo em um estoque e levando apenas meus filmes, instrumentos, minha gata e percebendo que "não preciso de mais nada. Tudo que preciso é preencher isso com alguma coisa". Estou tentando levar as coisas de volta ao começo. Eu não estava calculando essa maneira, apenas precisei perceber que isso é vida. Precisei perceber o que eu queria da vida. De repente percebi que eu era aquele que sentou e desenhou o primeiro flyer. Fui até a Kinko's, imprimi, coloquei em carros e nem tinha músicas na época.
Tive a arrogância ou confiança - há uma linha tênue entre as duas coisas, porque a arrogância às vezes é algo que acaba sendo tolo e irá te arruinar. Eu tive a confiança e determinação de fazer isso acontecer e acabei tendo que fazer música para continuar com a minha decisão. Isso é basicamente o que eu acabei fazendo nesse disco.
Sabia que tinha que admitir a mim mesmo - é difícil dizer que você que fazer uma volta, porque isso é admitir que você não estava onde você deveria, o que você costumava ser, mas o que você deveria ser. Então é quase a mesma coisa que no começo. Uma volta é quase a mesma coisa que começar novamente, onde ninguém sabe ou acredita no que você é e eu tive que dizer isso bem alto. Não tenho problema em dizer que essa é a minha volta e quando eu decido algo, estou determinado a isso. Eu não tinha esse tipo de energia e confiança simplesmente porque eu precisava reconhecer isso.
Com esse disco, eu sempre vou lembrar mais que qualquer outro. Eles não foram memórias felizes o tempo todo. Tudo tem seus altos e baixos ou você não é um artista. Se tudo é feliz, então quem vai se importar, ou se é apenas uma linha reta, eu também não vou me importar. Se é baixo, no qual é onde, às vezes, eu estive com mais frequência que no alto, não é inspirador. Então eu apenas quis fazer algo que faria com que as pessoas sentissem algo. Eu estava tocando para pessoas que eram minhas amigas. Algumas delas nunca haviam escutado minha música, nunca gostaram dela, qualquer que seja a situação... Mas é um desafio e eu adoro desafios. Eu tinha esquecido do quanto que eu adoro um desafio.

Fonte: Manson BR

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