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sábado, 17 de março de 2012

Entrevista


Manson foi entrevistado pela revista Australiana The Music Network, onde ele fala sobre o Born Villain e também um pouco sobre sua relação com o Trent Reznor - que pode ser lido . A entrevista completa está disponível abaixo: 






Em um quarto escuro no quinto andar do hotel Sheraton em Sydney, Marilyn Manson está falando sobre preferências gramaticais e Trent Reznor, completamente imperturbado pelo espesso círculo de cocaína em sua narina esquerda. "Costumava trabalhar com isso." Sem dúvida Manson foi um jornalista musical; em sua adolescência após três semanas de curso em uma faculdade na Flórida, Manson, agora aos 43 anos, usou suas habilidades textuais para conseguir uma entrevista com Reznor. Mas enquanto falava sobre o Nine Inch Nails, Manson usou a oportunidade para entregar sua fita demo. "Eu meio que me forcei a ele," ele diz enquanto alisa uma mecha de cabelo em seu rosto pálido. Seu lugar embaixo da asa de Reznor foi integral para as vendas de discos chegarem a mais de 50 milhões, e a criação de um mártir underground, que é tão celebrado quanto desprezado.

Sentado com seus joelhos em uma pequena mesa de café usando botas plataforma, Manson está a 20 horas de fazer seu terceiro show em três anos; uma presença que a Austrália tem que agradecer ao Soundwave Festival, mas uma performance que deixou um gosto ruim nas bocas daqueles que sabem o potencial genial desse cara. "Foi um grande desafio tentar fazer um retorno ao mundo e uma volta a você mesmo como um músico," ele diz. "Estou me divertindo. Achei ótimo."

Com o lançamento de um novo single dentro de alguns dias e o oitavo álbum de estúdio, Born Villain, saindo 'em breve' (na lendária gravadora Cooking Vinyl), Manson adotou o comportamento de um novato. Ele parece ter colocado de lado todo o conhecimento sobre seu valor e amarrou seu lugar na cultura pop ao mantra: Você só é tão bom quanto seu último trabalho.

"[O Born Villain] foi como fazer um primeiro disco, porque eu fui com a minha única ambição e apenas a confiança e determinação de impressionar as pessoas que escutarem-o pela primeira vez," ele diz. "Sabendo que talvez hajam pessoas que nunca tenham ouvido minha música e sem ser arrogante ou igonrante em saber que elas já tenham ouvido."

De várias maneiras, Marilyn Manson é um personagem ficcional. Começando há 22 anos quando o Brian Warner de 21 anos criou o que estava intencionado a ser um comentário na cultura pop, Manson rapidamente virou o usuário de apelidos como Satanista, assassino e sociopata. "Tive a intenção de chegar one estou agora, mas não sabia o preço que teria que pagar," ele admite. "Mas ao mesmo tempo eu sabia onde estava me metendo." Um homem que tem culhões de lançar um álbum intitulado Antichrist Svperstar em uma época onde a igreja da América e Estado eram veementemente e publicamente opostos, certamente sabe onde estava se metendo.

"Marilyn Manson sempre tem sido uma declaração de todo o conceito de celebridade, ou popularidade ou a ideia de que Marilyn Monroe e Charles Manson podem compartilhar igualmente a capa da revista LIFE. De qualquer forma, muitas pessoas não veem que Norma Jean Baker era seu nome verdadeiro e Charles Manson também era um nome falso (o nome verdadeiro é Charles Mills)... É bem incomum estar em uma posição onde eu já sabia ou tinha a convicção de conquistar o que eu me tornaria uma parte da cultura pop, então eu estaria apto a mudar isso de dentro."

Ele ainda está aqui, na beira de uma décima terceira turnê mundial, pedindo para seus assistentes limparem sua coleira e as botas. O legado que ele ainda está costurando é indisputável; entre seus projetos, Manson agora inclui filme e arte - até o Born Villain gerou um curta metragem enjoado dirigido pelo ator Shia LaBeouf. Manson entende o peso de sua instituição, já que ele lembra que tudo foi resultado de um jornalismo no lugar errado e um flyer feito em casa copiado no Kinko’s que ele colocou em alguns para-brisas.

"Eu não tinha nenhuma música quando fiz o flyer. As pessoas vieram ao meu show. Então, em um sentido metafórico, por que eu estava vendendo o flyer? Eu poderia ter escolhido avisar, ou eu poderia ter escolhido perceber que não sou capaz de limitar minha expressão apenas fazendo uma música. Limitações criam muito mais ambição."

Até hoje, Manson carrega consigo as ramificações de ambição. Condenado por Cristãos, pais, governos e qualquer um com uma sensibilidade da direita, talvez venha como um choque quando seu país virou-se contra ele após o massacre de Columbine em 1999, mas, na maneira inegável que a vida às vezes tende a inclinar, a única pessoa que não ficou surpresa foi o próprio Manson.

"Naquele ponto, quinze anos atrás ou algo assim, quando todos queriam literalmente me matar, quando eu recebi centenas de ameaças de morte por dia - que eu tenho certeza que não fez com que as pessoas próximas a mim se sentissem confortáveis - eu tive que decidir, "Eu morreria pelo que eu faço?" Isso não é ser um mártir, é apenas ser decisivo e estar certo sobre 'É isso que você acredita?' Porque eu tive que acreditar em algo."

Até o ponto onde a FBI começou a grampear seu telefone e sua vida foi ameaçada, Manson confiou apenas nele mesmo para defender seu nome, e enquanto a América está perto do 12º aniversário do tiroteio, aquele período continua como a única ocasição onde Manson usou um publicitário.

"Afetou realmente minha carreira," ele garante. "De alguma forma eu me senti traído porque eu não levo o crédito por toda a merda que passei antes disso."

Para seu crédito, Manson agiu amigavelmente. Isso foi parcialmente devido suas expectativas dos EUA, que foi muito bem retratado em seu quarto álbum de estúdio, Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death). Não apenas o álbum faz uma declaração vívida sobre a coisa que ele foi acusado, mas seu lançamento coincidentemente correspondeu com a consequência do tiroteio. Pulando de tópico em tópico com menos direção, Manson começa a discutir o que ele se refere como sua 'era triste'. De forma intrigante, o catalista teve menos a ver com seu casamento arruinado com a dançarina burlesca Dita Von Teese e mais com a morte do pioneiro do jornalismo gonzo, Hunter S. Thompson.

"Aprendi muito com ele e ele morrer virou a era de eu estar meio perdido," diz o Manson em seu monólogo. "Ele foi quase um mentor para mim e, de um jeito estranho, eu não quero nem saber como ele entrou em jogo. Me tornei bem auto-destrutivo, então eui passei por um período onde fiz alguns discos. Meus dois últimos discos eram onde eu não estava certo de quem eu era. Estava tentando me encontrar."

De fato, Manson vê esses discos (Eat Me, Drink Me de 2007 e The High End of Low de 2009) com alguma dor e desconexão; ele se recusa a tocar qualquer música deles na turnê atual. "Esses dois discos eram mais relacionados a romance e aquela época é mais depressiva que a anterior (o despertar do Columbine)," ele diz. "É meio incomum pensar sobre isso dessa maneira e só estou chegando à essa conclusão agora enquanto sento aqui dizendo para você."

Não é surpresa que a inspiração para a próxima oferta do Manson virá unicamente de dentro. Usando uma coleção de referências à Macbeth e coleção de poesia Francesa, Les Fleurs du Mal (Flores do Mal), de Charles Baudelaire, Manson faz uma abordagem clara para entender o retrato que ele virou.


"É sobre ser dada essa posição de estar estocado no refletor como um rei ou um ator," ele explica. "Como você lida quando você não sabe se acredita mais nisso?" Manson aparentemente questiona seu valor inúmeras vezes durante sua conversa com a TMN, em um ponto em que ele até parafraseia Shakespeare: "Pobre cômico que se empavona e agita no palco, cheio de fúria e barulheira. Significando nada." Seu ponto é claramente aberto à interpretação, como ele intenciona, mas assim como Bowie e Placebo pegaram ideias de 1984 de George Orwell, Manson está contente questionando sua parte em sua própria tragédia.

A materialização do Born Villain também levou Manson a um novo destino. Um ano e meio atrás ele guardou todas suas coisas (livros, filmes, quadros etc) em um porão. "Me mudei para um lugar onde é bem parecido com esse quarto de hotel, tirando pela arte ruim que está na parede," ele aponta pro quadro no corredor. "Enquanto era algo bem Patrick Bateman, Psicopata Americano com a forma absoluta disso, eu tive que preencher o quarto com alguma coisa, metaforicamente e literalmente."

Talvez um dos únicos lembretes que Manson profere que ele ainda está ciente de seu status de rockstar (fora o batom borrado e couro dos pés à cabeça), é a maneira no qual ele gravou o novo álbum. Entre um quarto cheio de companheiros e interesses amorosos em potencial, ele sangrou no microfone.

"Faço coisas de forma diferente de quanto estou isolado. Tive um pouco disso em minha mente sabendo que se eu tivesse pessoas no quarto, eu iria querer impressionar - e que geralmente são garotas, vou admitir, que eu estava tentando seduzir - Eu tendo a ser muito melhor no meu trabalho."

Esse tipo de conversa é a que vai reinventar o cara, após mais de duas décadas de choque, Manson não está para perder seu vagão perturbador. Mas seu zelo em impressionar novos fãs e reaver a crueza que ele despachou com o Portrait of an American Family de 1994, é um insight dentro da humanidade requerido por qualquer superstar, anticristo ou não.

"Soa como o disco exato que eu queria que todos meus heróis tivessem feito a esse ponto de suas carreiras e algumas vezes eles não fizeram. Eu talvez já tenha tido esse perído, em minha opinião, mas esse é um que vai te socar no estômago."

Mais tarde, enquanto vai pro elevador do hotel, ele fala, sem olhar pra trás, "Tenha certeza que você irá me descrever como lindo! E charmoso!"


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